PT divulga
nota em apoio à Venezuela
O Partido dos Trabalhadores divulgou nota, nesta
segunda-feira (3), em que manifesta seu repúdio e oposição à forma como o governo golpista de Michel Temer tem conduzido a política
externa do Brasil em relação à América do Sul.
“Particularmente, o desrespeito a princípios
básicos de nossa diplomacia como a não ingerência em assuntos internos de
outros países e o respeito à autodeterminação dos povos”, diz o documento
assinado pelo presidente nacional do PT, Rui Falcão,
e pela secretária de Relações Exteriores, Mônica Valente.
“É visível que o governo golpista decidiu encabeçar
uma campanha da direita contra a esquerda no continente e assumiu uma postura
belicista, particularmente contra a República Bolivariana da Venezuela”.
Leia a nota na íntegra:
“NOTA EM DEFESA DA VENEZUELA"
O Partido dos Trabalhadores manifesta seu repúdio e
oposição à forma como o governo golpista vem manejando a política externa do
Brasil no tocante à América do Sul e, particularmente, o desrespeito a
princípios básicos de nossa diplomacia como a não ingerência em assuntos
internos de outros países e o respeito à autodeterminação dos povos.
É visível que o governo golpista decidiu encabeçar
uma campanha da direita contra a esquerda no continente e assumiu uma postura
belicista, particularmente contra a República Bolivariana da Venezuela.
O governo usurpador aproveita-se de informações
distorcidas disseminadas pela mídia para tentar justificar as medidas contra o
país vizinho, inicialmente, suspendendo-o do Mercosul e agora nas palavras do
ministro golpista das Relações Exteriores, aplicar a Cláusula Democrática do
Mercosul “para expulsar a Venezuela” do bloco. Ele afirmou à Folha de S.Paulo
que manter a Venezuela apenas suspensa, como está agora, “seria uma ficção que
avacalharia o Mercosul”.
Ignora o chanceler que o Protocolo de Ushuaia não
prevê o mecanismo de “expulsão”.
Como é sabido, há uma crise política na Venezuela,
decorrente de uma disputa polarizada entre o governo de Nicolás Maduro e a
oposição, majoritária no Parlamento. Porém, não existe a decisão do Tribunal
Supremo de Justiça de retirar os poderes do legislativo venezuelano e as
imunidades de seus membros. O que existe é uma situação de desobediência do
Parlamento no que tange a realizar novas eleições para definir três mandatos de
deputados, impugnados pela justiça eleitoral, por terem comprado votos
para se elegerem. Além disso, como o Parlamento se recusou a votar determinadas
propostas administrativas advindas do Executivo, o Tribunal decidiu sobre o
mérito a pedido do governo. Neste aspecto, não há diferenças entre o que ocorre
na Venezuela e o que se passa corriqueiramente no Brasil na relação entre
o STF e
o Congresso Nacional.
Não interessa ao povo brasileiro, o rompimento do
Mercosul e tampouco é vontade do povo brasileiro contribuir para a
desestabilização de um país vizinho que sempre manteve boas relações com o
Brasil.
Temos a convicção que o povo venezuelano saberá
encontrar, por meios próprios, a solução para os seus conflitos. Exigimos que o
Ministério de Relações Exteriores, em vez, de “jogar combustível” no conflito,
busque soluções responsáveis tanto no âmbito do Mercosul quanto da OEA.
Rui Falcão - Presidente Nacional
Mônica Valente - Secretária de Relações Internacionais”