O deputado federal Marco Feliciano (PSC), de Orlândia, se envolveu em polêmica nesta quinta-feira ao postar na rede de microblogs Twitter que africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. A frase se espalhou na internet e fez com que outras pessoas a repassassem a mais seguidores. E-mails com o conteúdo também foram disparados.
O fundador do Centro Cultural Orùnmilá de Ribeirão Preto, Paulo César Pereira de Oliveira, prometeu entrar com ação por racismo contra Feliciano.
O deputado, eleito pela primeira vez com 211.855 votos em 2010, assumiu essa e outras frases postadas no Twitter, mas disse que o tom não é de discriminação. Afirma que apenas citou o que consta na Bíblia, já que 90% dos seus seguidores são evangélicos. "Todo dia posto uma pergunta polêmica, sou professor de teologia", conta. Ainda segundo Feliciano, o microblog é alimentado por seus assessores, mas com seu consentimento.
O deputado disse que a polêmica começou na última quarta-feira, quando postou a pergunta "Há uma maldição forte e estranha na bíblia. A maldição de Noé sobre seu neto Canaã, filho de Cam. Por que desta maldição?". Antes de postar a questão, Feliciano escreveu: "Bora tumultuar? rss [risos].""Existe um grupo de homoafetivos que copiaram apenas essa frase dos africanos e dispararam na internet. Foi maldade", afirma. E acrescenta: "O continente africano merece ajuda, carinho e atenção."
Racismo
O Orunmilá julgou o ato do deputado como racismo e, além de propor ação contra ele, o grupo também vai representar uma denúncia na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). "Vamos pensar em todas as formas de mobilização contra as declarações do deputado", diz Paulo César Oliveira. "O segmento dele é racista", completa.
O fundador do movimento Orunmilá disse que nesta quinta mesmo recebeu e-mail de uma pessoa desconhecida que trazia as frases de Feliciano postadas no Twitter.
"É um racismo falar que somos oriundos de um continente amaldiçoado", reafirma Oliveira.
Outro lado
O deputado federal Marco Feliciano disse que a maldição do povo africano a que se refere vem da praga rogada por Noé a seu neto Canaã, que, posteriormente, seria o responsável por povoar o continente africano.
Mensagens espalhadas na rede também acusam o deputado de discriminação aos homossexuais. "Respeito o ser humano, mas abomino a prática da homossexualidade, mas que façam onde estão, não dentro da minha casa", afirma.
Algumas postagens sobre o assunto também foram feitas em sua página na Twitter. "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição", diz, em um dos trechos.
Feliciano é o fundador do Ministério Tempo de Avivamento, em 1995, onde hoje é pastor. Ele foi eleito como deputado federal mais votado na região de Ribeirão Preto