domingo, 16 de janeiro de 2011

O impagável Jack Black ataca de Gulliver nas telonas

Como ocorre com boa parte dos filmes inspirados em obras anteriores, As viagens de Gulliver, de Rob Letterman, pode ser abordado de dois pontos de vista básicos. O primeiro é o confronto com a obra homônima que lhe deu origem, escrita pelo irlandês Jonathan Swift (1667-1645). O segundo aborda o filme como criação isolada – ou seja, é semelhante àquele com que a maioria dos espectadores, que nunca se preocuparam em ler Swift, se aproximará da narrativa.
De Swift, As viagens de Gulliver se inspira em ideias centrais da primeira parte (em que Lemuel Gulliver conhece Lilliput, a ilha habitada por seres humanos minúsculos) e num relance da segunda (em que o herói encontra uma terra habitada por gigantes). É mera influência. A ação é ambientada nos tempos atuais, e mesmo que haja um eixo aparentado ao livro – Gulliver ajuda Lilliput a enfrentar o país rival – as peripécias não são as mesmas. Acima de tudo, o filme trai o romance em seu espírito. E os fãs de Jack Black (seu humor costuma dividir radicalmente as opiniões) não vão se decepcionar. Mesmo que frequentemente trombe com a personagem ou as peripécias, o comediante está em plena forma, capaz de fazer as coisas mais ridículas do mundo diante das câmeras sem o menor pudor.